BRASÍLIA - Por uma
diferença de apenas sete votos, o deputado Leonardo Picciani foi reeleito líder
do PMDB na Câmara. Foram 37 votos para o deputado do Rio e 30 para Hugo Motta
(PB), além de dois votos em branco. O resultado é uma grande vitória do governo,
que apostou todas as suas fichas em Picciani. O incentivo foi tanto que o
governo chegou a liberar o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), em plena
epidemia do vírus zika, para se licenciar do cargo e ajudar na votação.
O grande derrotado é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Investigado na Operação Lava-Jato e temendo ser afastado do cargo pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), Cunha bancou a candidatura de Motta e fez apelos
desesperados aos deputados para que elegessem o seu candidato, chegando a ligar
durante a madrugada para parlamentares, afirmando que votar em seu candidato
era como votar nele próprio.
Ambos os grupos tentavam trazer votos dos indecisos até
minutos antes do início da votação, temendo traições por conta do voto secreto.
Votaram 69 deputados e dois faltaram: Jarbas Vasconcelos e Marinha Raupp.
Segundo deputados do PMDB, que conversavam antes da reunião,
o resultado da eleição pode influenciar o tamanho da bancada, que deverá,
segundo eles, perder alguns quadros, agora que a janela partidária foi
aprovada.
PICCIANI PREGA UNIÃO
Após ser reeleito, Picciani adotou um discurso de unidade,
dizendo que não há "derrotados nem vencedores". Ele disse ainda que,
logo após o resultado, conversou com Hugo Motta e combinou com ele de procurar
um caminho de consenso. Os dois são amigos pessoais:
Aqui não tem derrotados nem vencedores. A vitória é de toda a
bancada do PMDB, que vai caminhar junta.
Picciani afirmou que formará uma comissão de impeachment
equilibrada, dando espaço a todas as correntes ideológicas do partido:
Queremos obter o consenso possível, devido ao apoio da
bancada, para conseguirmos a unidade, mesmo num cenário controverso.
Indicaremos as duas correntes de pensamento do partido. Todos estarão
representados (na comissão de impeachment) — disse o líder.
O deputado Leonardo Quintão (MG), que será o primeiro
vice-líder do partido, disse que está feliz e que já é candidato ao cargo em
2017.
Foram sete votos, estamos satisfeitos, porque ganhamos com
margem bem confortável. Agora eu já sou candidato — disse Quintão, negando
qualquer possibilidade de retaliação a Eduardo Cunha.
Nenhuma retaliação, agora são todos colegas.
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